11.19.2004

. . . durmo irrequieto. . .

. . . durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
definidamente pelo indefenido. . .
de quem dorme irrequieto, metade a sonhar

fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias
correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua
não há na travessa achada o número da porta que me deram

acordei para a mesma vida para que tinha adormecido
até os meus exércitos sonhados, sofreram derrota
até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados
até a vida só desejada me farta - até essa vida. . .

compreendo a intervalos disconexos
escrevo por lapsos de cansaço
e um tédio que é até do tédio, arroja-me à praia

não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme
não sei que ilhas do sul impossíveis aguardam-me náufrago
ou que palmarés de literatura me darão ao menos um verso. . .

Fernando Pessoa (obras completas, II volume, 1926)

11.14.2004

quem ri quando goza

quem ri quando goza
é poesia
até quando é prosa

Alice Ruiz

11.10.2004

paralell lines on a slow decline


Posted by Hello